Publicado em:7 de setembro de 2012

Cineclick fala sobre Cosmopolis

 
O novo filme de David Cronenberg é feito de ambiguidades e incertezas, assim como é mostrado o universo de seu personagem principal, Eric Parcker (Robert Pattinson). Ele é um bilionário autodestrutivo que vive um casamento de fachada e passa 24 horas por dia cercado de subalternos e bajuladores que recebe em encontros furtivos em sua limusine blindada, uma espécie de fortaleza inexpugnável que o mantém distante do caótico mundo lá fora. Nesse seu espaço sagrado, tem do exterior o que lhe convém, manipulando pessoas e informações em benefício próprio e de seus negócios.

Parcker é a personificação de uma sociedade moderna regida pelo controle da informação e pautada pela volatilidade dos mercados financeiros. É esse mundo que Cronenberg pretende criticar em 'Cosmópolis', cujo o resultado é tão ou mais confuso e desordenado que o sistema que pretende censurar. O mundo fora da limusine de Parcker está desmoronando. Em certa medida o personagem tem bons motivos para se isolar. Há ameaças de assassinato de líderes mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos. Ele mesmo é uma vítima em potencial, ou pelo menos acredita que é. Manifestantes tomaram as ruas atacando os símbolos de poder, incluindo sua fortaleza sobre rodas.

Parece que nada é capaz de mudar sua rotina diária. Para deixar isso bem claro, há uma cena na qual discute negócios enquanto passa por um exame de próstata. Dentro de seu santuéario sobre rodas, realiza reuniões de trabalho com seus técnicos, faz sexo com uma garota de programa interpretada por Juliette Binoche e só sai algumas poucas vezes para comer ao lado de sua esposa (Sarah Gadon), unicamente porque precisa comer e pensa em fazer sexo com ela novamente.

Parece que nada é capaz de mudar sua rotina diária. Para deixar isso bem claro, há uma cena na qual discute negócios enquanto passa por um exame de próstata. Dentro de seu santuéario sobre rodas, realiza reuniões de trabalho com seus técnicos, faz sexo com uma garota de programa interpretada por Juliette Binoche e só sai algumas poucas vezes para comer ao lado de sua esposa (Sarah Gadon), unicamente porque precisa comer e pensa em fazer sexo com ela novamente.
Mesmo na sequência final, quando temos um diálogo tenso entre Parcker e o Paul Giamatti, que interpreta um homem em busca de vingança contra seu ex-patrão, há todo um fraseado enigmático que parece querer dar uma aura filosófica a algo que já está muito bem assimilado pelo público: a crítica à acumulação de riqueza desenfreada e incongruências dos mercados financeiros. Estes costumam, muitas vezes e sem razão aparente, atribuir valor a algo artificialmente, o que ironicamente a ocorre em Cosmópolis, uma boa ideia original inflada como um balão de hélio em vias de estourar por Cronenberg.

Mesmo na sequência final, quando temos um diálogo tenso entre Parcker e o Paul Giamatti, que interpreta um homem em busca de vingança contra seu ex-patrão, há todo um fraseado enigmático que parece querer dar uma aura filosófica a algo que já está muito bem assimilado pelo público: a crítica à acumulação de riqueza desenfreada e incongruências dos mercados financeiros. Estes costumam, muitas vezes e sem razão aparente, atribuir valor a algo artificialmente, o que ironicamente a ocorre em Cosmópolis, uma boa ideia original inflada como um balão de hélio em vias de estourar por Cronenberg.

Packer, no entanto, não se preocupa com nada disso. Tanto que decide cortar o cabelo em seu lugar de costume, do outro lado da cidade, mesmo contra as recomendações de seu chefe de segurança. Sua expressão é constantemente fria e suas atitudes parecem as de um robô, no que Pattinson (desta vez menos careteiro que de costume) ajuda bastante.

'Cosmópolis', adaptação feita por Cronenberg do romance do dramaturgo e ensaísta norte-americano Don DeLillo, se perde no seus propósitos graças a um emaranhado de diálogos prolixos e desnecessários que terminam por tornar o filme enfadonho a certa altura. Gostamos da originalidade da ideia conceitual que existe por trás de tudo, mas sentimos também que há uma verborragia supérflua que não leva a nada.

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