Dirigido por Anton Corbijn, Life – Um retrato de James Dean conta a
história de dois jovens que, por caminhos distintos, buscam alcançar não
apenas o sucesso profissional, mas a realização de algo maior através
da arte. O longa narra os dias que antecedem a pre-estréia do filme
Vidas Amargas, estrelado pelo ainda desconhecido James Dean (Dane
DeHann) e dirigido pelo cultuado diretor Elia Kazan. James está aflito e
ansioso, não pela estréia de seu último trabalho, mas pensando no
próximo projeto.
Neste caminho James e o fotógrafo Dennis Stock (Robert Pattinson) se
encontram. Dennis vai cobrir uma festa do diretor Nicholas Ray, que está
escalando o elenco de Juventude Transviada, Dean quer o papel principal
no longa, mas não tem certeza se conseguirá. Depois de uma conversa
casual Dennis vê no ator uma ótima oportunidade de ensaio fotográfico
para a LIFE, revista em que ele trabalha. No entanto, Dean não tem
certeza se aquele é o momento para tamanha exposição, Na verdade, ele
tenta evitar a todo custo a rotina enfadonha dos astros do cinema, cheia
de entrevistas, propagandas e outros compromissos. Em contrapartida,
Dennis precisa, naquele exato momento, mostrar antes de todos, o
despertar de um novo ídolo e, claro, ter o seu trabalho valorizado.
Nesse impasse, surge algo próximo a uma amizade. E, se esta não se
consolida, o que eles vivenciarão juntos nas próximas semanas os
transformará em homens mais decididos sobre qual rumo dar às suas vidas.
Assim como em seus filmes anteriores, Control, Um Homem Misterioso e O
Homem Mais Procurado, o diretor Anton Corbijn opta por um ritmo lento
para narrar a história. Apesar de cansativo em certo momento, o que
importa não é o resultado final, mas o processo para que tal ponto seja
alcançado.
O elenco tem nomes como Ben Kingsley, Joel Edgerton e Alessandra
Mastronardi, mas o foco está sem dúvida em Pattinson e Dane Dehann, que
dividem o protagonismo da história. Pattinson junta mais esta
interpretação aos bons papeis e trabalhos razoáveis. Tanto aqui como em
Cosmópolis, o ator alcança boas atuações, sendo sucinto e econômico,
como pede o personagem. Dane (o duende macabro de O Espetacular Homem
Aranha) tem uma missão um pouco mais difícil e também se sai bem,
embora, em certos momentos, a interpretação do ator e ícone James Dean
incomode um pouco e gere certa suspeita se aquilo é Dean ou existe algum
exagero em todo o ar blasé empregado na interpretação.
De todo modo, os personagens são muito bem construídos e conduzidos. De
inicio são mostrados apenas como a ponta do iceberg que depois se revela
complexo, profundo. Dennis é um fotografo ambicioso, ainda buscando seu
espaço e a construção de um portfólio, mas tem a carga de um casamento
fracasso e a distância do filho pequeno. Do outro lado, Dean possui
talento e as expectativas do estúdio de que ele se torne um grande
astro. Porém, o passado longe da família, a morte da mãe, as obrigações e
compromissos profissionais que tanto o incomodam influenciam ainda suas
decisões. A questão para os dois é, na verdade, o caminho que querem
seguir, mesmo que o passado de cada um aja de forma pesada, ainda que
distinta, em suas vidas. Se Dennis quer se ver livre de suas faltas,
Dean quer manter próximas e sob controle as lembranças e pessoas que
marcam suas origens.
O roteiro de Luke Davies, não nos levas aos bastidores das filmagens,
nem revela mais da biografia de James Dean. Se mantém ao recorte do
momento em que as fotos mais famosas do ator foram produzidas. Embora as
mudanças de local dos personagens sejam importantes para a história, o
roteiro não traça um caminho de road movie. As mudanças são importante,
mas o voltar para casa é o que marca os personagens.
A trilha sonora de Owen Pallett, também responsável pela trilha de Ela,
percorre a rebeldia do rock and roll que surgia com Chuck Berry, mas
utiliza o tom dramático do blues e jazz para acentuar a dramaticidade de
cada cena. É positivamente um elemento à parte de todo o longa.
Um Grande Momento: Dean dançando com uma amiga ao som do jukebox.
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