Publicado em:6 de maio de 2016

Kristen como Capa da Revista Francesa 'M Magazine' para a Edição Especial de Cannes! [Atualizada]


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Entrevista:

KRISTEN STEWART, A LIBERADA.

Tendo-se tornado a rainha da tela adolescente, ela poderia ter feito mais filmes da saga Crepúsculo. Mas a atriz de 26 anos tem uma boa cabeça: alternando filmes de autor e grandes produções fazendo avançar a sua carreira passo a passo. Em Cannes, a atriz vai aparecer em "Café Society", de Woody Allen e "Personal Shopper", escrita para ela por Olivier Assayas. Dois papéis extremamente diferentes, uma luz, o outro torturante, onde ela começa a desenvolver a sua gama de atuação todo.

Se você precisa de um adjetivo para descrever Kristen Stewart, será esse: eloquente. No meio dos atores, a grande maioria gosta de se esconder atrás de fórmulas prontas. (“Foi um bom encontro,” “um verdadeiro desafio”) ao invés de se aventurarem em uma análise ou uma descrição exata do seu estilo de vida.

Kristen Stewart tem atuado por dez anos (ela tem 26), nós contamos 40 filmes de longa duração em sua filmografia e ela ainda fala de seu trabalho com estrelas nos olhos – algumas vezes terror – e fala sobre isso como uma exploradora faria ao voltar de um país desconhecido. Woody Allen, por exemplo. A maioria dos atores que trabalham com o nova iorquino de 80 anos falam sobre ele com extremo respeito. Não Kristen Stewart, no papel principal em Café Society, que será exibido no dia de abertura do Festival de Cannes.

Ela se lembra de pedir para ler o roteiro com antecedência, “o que foi bem complicado”, antes de aceitar o papel de Vonnie, uma mulher que faz as cabeças de Steve Carell e Jesse Eisenberg rodarem. Antes de filmar, ela se perguntou se ela conseguiria interpretar uma personagem que ela julgou ultrapassada. Ela decidiu brincar com essa luminosidade “mesmo que a minha energia natural seja pesada,” e decidiu confiar no diretor, contra todas as probabilidades. “Ele é uma aposta segura,” ela diz, “mesmo que ele seja muito sincero.”

Kristen Stewart faz uma imitação muito impressionante de Woody, dizendo no final de uma cena: “Nós vamos fazer isso de novo. Da próxima vez, seria possível você não entrar na sala como se estivesse entrando em um bar?” ou “Foi ok, eu dormi por um momento mas foi bom.” Ela conclui rindo: “Nessa última, nós decidimos ir mais rápido.”

Sobre o diretor de “Manhattan“, ela observa: “Algumas vezes, ele deixa uma emoção surpreendente passar, o que é incrível porque ele é geralmente sarcástico e não muito delicado. Quando você assiste seus filmes, você sente que está assistindo apenas um entretenimento simples, e então tudo vai mais devagar e você fica profundamente tocado. Woody é como seu filmes: uma piada, que é muito engraçada no set, que não dá muitas instruções, e de repente, algo dentro dele limpa tudo do caminho. Nós olhamos um para o outro e percebemos que compartilhamos um momento forte com ele. É muito, muito importante e o bastante.”

JESSE EISENBERG, UM CÚMPLICE ANTIGO.

O pronome “nós” inclui um antigo cúmplice de Kristen Stewart, Jesse Eisenberg, com quem ela trabalhou três vezes no passado, em Adventureland (2009), American Ultra (2015) e Café Society. Sobre o jovem ator nova iorquino, que ela descreve como “loucamente inteligente”, ela passa seus dias no set conversando com ele. “Nossas conversas não são nada produtivas e hilárias, nós analisamos cada detalhe do comportamento das pessoas em nossa volta.” O que pode não ser o melhor jeito de ficar popular com a equipe, mas mantém o tédio e a solidão longe.

Solidão essa que Kristen Stewart sentiu muito quando foi de Café Society para Personal Shopper. Para o filme de Olivier Assayas, exibido em competição, ela estará presente novamente em Cannes, alguns dias após a abertura. Ela subirá as escadas para celebrar o filme, o qual as filmagens foram uma experiência verdadeiramente difícil. Ela interpreta Maureen, uma jovem americana exilada em Paris, onde seu irmão gêmeo acabou de falecer. Para conseguir viver, ela se torna a compradora de moda de uma celebridade, enquanto tenta desesperadamente entrar em contato com o fantasma do irmão doente.

Filmado na França, também em estúdios e ao arredores de Praga, Personal Shopper é um filme de inverno que oferece ao ator uma rara oportunidade no mundo do cinema: Atuar sozinho em quase toda cena. A atriz aceitou o filme imediatamente, após ler o roteiro apenas uma vez. Mas ela pediu para Olivier Assayas atrasar um pouco as filmagens para que ela pudesse interpretar Vonnie, em Café Society: “Para o filme de Woody, eu tinha que ser animada, cheia de alegria e estar muito saudável, e eu sabia que se eu filmasse Personal Shopper primeiro, eu estaria esgotada.”

Para o diretor, que escreveu o filme com Kristen em mente, Stewart usou técnicas que ela aprendeu em sua primeira colaboração, Sils Maria, que teve a jovem atriz americana interpretando a assistente de uma estrela, Juliette Binoche. O diretor e a atriz se conheceram através de Charles Gillibert, que produziu On the Road, para MK2, a adaptação do livro de Jack Kerouac por Walter Salles. Kristen Stewart era Marylou, com gosto pela vida, uma simplicidade sensual que os filmes de Crepúsculo – no auge – nunca mostraram.

Seguido de vários contratempos, ela quase deixou o papel de Val, a intelectual que tenta manter uma conexão entre a estrela interpretada por Juliette Binoche e a realidade, escapar pelos seus dedos. Mas quando Olivier Assayas pediu para ela interpretar a personagem Jo-Ann, a atriz que tem a mesma quantidade de escândalos em sua vida real do que trabalho, Kristen Stewart escolheu interpretar Val: “Ela me disse que o papel da atriz era muito óbvio, que a personagem Val, com sua distância e ceticismo, era mas apropriado para ela,” o diretor se lembra. A precisão da análise foi confirmada por um César, um troféu que os membros da Academia geralmente não dão para atores que não são franceses.

UMA FILMAGEM CANSATIVA

Essa incrível experiência não preparou o diretor e a atriz para o que os estava esperando: “Olivier e eu subestimamos excessivamente a dificuldade do filme. Essa porra de ‘Personal Shopper‘… Eu nunca me senti tão fraca no final de alguma filmagem antes. Nós estávamos trabalhando seis dias por semana, dias que duravam 16 horas. Foi um cenário bom de trabalhar, eu nunca tive que fingir que estava com frio, que eu estava sem rumo ou exausta. Não tinha folga e eu estava começando a ficar louca. Eu estava começando a ter pensamentos que você não deveria ter a noite, pensamentos que me impediam de ter uma vida social e produtiva. Quando eu vi o filme, eu pensei que eu estava muito magra e disse pra mim mesma: ‘Cara, você precisa comer um cheeseburger.'”

Nós deveríamos conseguir transpor o que Kristen Stewart diz sobre a personagem Maureen, sua ansiedade, seu sofrimento, mas iria estragar o filme. Ela fala com a mesma lucidez mas com menos paixão sobre seu papel em American Ultra, onde ela interpretou Phoebe, uma hippie escondendo um segredo obscuro. O mesmo vai para sua experiência com Crepúsculo. O papel de Bella Swan, que ela interpretou durante quatro anos de 2008 até 2012, a tornou uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood, mas também um dos assuntos favoritos de tablóides e fofoca na internet.

“Eu amei fazer esses filmes,” ela lembra de Twilight. “Nós começamos muito forte. Se nós tivéssemos conseguido manter aquela energia, o mesmo entusiasmo como o do primeiro filme… Mas todo mundo estava com medo de desapontar o público, e os filmes seguintes foram produção de estúdio.” Ainda assim, Kristen Stewart possui um relacionamento muito particular com essa indústria. Ao invés de ser cliente de uma dessas grandes agências de talento em Hollywood, ela trabalha com a mesma desde que tinha 12 anos. Como Charles Gillibert observa: “Ela deve ser a única em seu patamar onde a equipe trabalha pra ela e não ao contrário.” Ela analisa o forte mecanismo econômico da fama com uma forte intensidade. “Você tem que manter uma certa popularidade se você quer financiar filmes. Para isso, você precisa filmar grandes produções de vez em quando, que são lucrativas. Eu estou sendo estimulada a fazer mais filmes como Branca de Neve e o Caçador (ou American Ultra) para tornar mais fácil para os filmes indies serem feitos, como os que eu fiz esse ano. Se eu não tivesse essa popularidade, não teríamos conseguido o dinheiro.”

A mesma análise fria quando se trata de tablóides: “Nós criamos uma personagem para um indústria que inventa histórias sobre celebridades. É uma forma de entretenimento. Ao menos quando escrevemos as histórias, na minha indústria, nós reconhecemos que são de mentira. Essas pessoas só roubam fotos para construir a própria mentira e então tentar convencer as pessoas que é verdade. O público sabe que é uma fraude. É como luta livre, todo mundo sabe que não é uma briga de verdade, que é um jogo, mas as pessoas fingem que não escolhemos com antecedência quem vai ganhar e quem vai perder.”

CONSELHOS DE  JODIE FOSTER

A pressão dos paparazzi e tablóides é constante, mas Kristen Stewart chegou sozinha para o encontro, pontualmente, em um restaurante em Los Feliz, uma vizinhança que uma vez foi calma em Los Angeles, onde celebridades de Beverly Hills estão vagarosamente substituindo os residentes históricos. Ela lembra que, no set de O Quarto do Pânico, de David Fincher, Jodie Foster disse para aquela criança de 11 anos: “Você é muito inteligente para ser uma atriz por muito tempo. Você não vai aguentar tudo o que vem com a profissão. Eu vejo você como uma diretora.”

Anos depois, as duas mulheres se viram em uma premiação. A mais velha estava chocada de ver o que a mais jovem continuou firme. “Jodie Foster ama ser uma atriz, mas ela também também odeia,” Kristen Stewart observou. “Para mim, eu amo e não quero parar. Eu passei pelas piores coisas, as coisas mais loucas quando se trata do lado negativo do meu trabalho, e eu ainda acho que sou incrivelmente sortuda de ainda conseguir trabalhar.” Nós a veremos novamente esse ano, talvez em Venice ou Toronto, em Billy Lynn’s Long Halftime Walk, de Ang Lee. Essa adaptação do famoso livro, que segue a turnê de um militar pelos Estados Unidos, o mesmo recebe uma medalha após ir para o Iraque (Kristen Stewart interpreta sua irmã), e já está sendo apostado como um dos indicados ao Oscar. O resto da filmografia da atriz ainda será escrito.

Ao contrário de outros atores que muitas vezes constroem a carreira para ganhar papéis que poderiam levá-los aos Oscar, Kristen Stewart deixa os filmes chegarem até ela. “Alguns projetos parecem muito bons para mim no papel, mas eu não consigo encontrar a vontade de fazê-los. Minha equipe não estava vendo do mesmo ponto de vista que o meu. E esses papéis se tornaram grandes para outros atores que interpretaram eles. É ótimo. No fim do dia, a única pessoa que decide isso sou eu. Eu não possuo uma lista de projetos, eu só preciso sentir a necessidade de fazer mais do que já estou fazendo, e enquanto eu não sinto isso, eu nem me sinto como uma atriz.”

UMA PAUSA PARA DIRIGIR

Esses dias, muito relaxada, ela está passando por um desses momentos onde ela não possui papéis planejados, o que ela nunca fez antes. “Eu não me sinto livre se eu sei que tenho que interpretar um personagem,” ela explica. Entre o fim das filmagens de Branca de Neve em 2012 e o começo de Camp X-Ray, onde ela interpretou uma militar em Guantanamo, ela passou 18 meses sem filmar algo.

Dessa vez, ela jura que a interrupção vai ser bem mais curta. Ela decidiu separar um tempo para filmar o curto que ela escreveu há alguns anos. “Eu não quero nada agora, só criar minhas próprias histórias,” ela admite. Kristen Stewart terminou seus estudos em sets, longe das aulas, e ela se arrepende algumas vezes de não ter ido para a faculdade de cinema. Ela tem idade o bastante para estar conseguindo seu diploma em uma dessas faculdades, e ela considera o seu curta como um “filme de estudante,” ao invés de um cartão de negócios para apresentar aos produtores. Um filme que ela vai fazer sem se importar com a atenção que, com certeza, vai ganhar. A profecia de Jodie Foster pode se tornar realidade.

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