“Ser corajoso não salva ninguém da
morte”, escreveu Philip Larkin em Aubade. “A morte não se lamenta
diferentemente com resistência.” Diga isso para Tessa, a heroína de 17
anos de Now is Good – novo filme de Ol Parker, cuja atitude é mais de
raiva ontra a morte enquanto amadurece. Com sua vida encurtada pela
leucemia, Tessa escreve uma lista de experiências, incluindo fazer sexo e
usar drogas, para fazer antes de morrer. Sabendo que Tessa é
interpretada por Dakota Fanning, a queridinha de olhos saltados de
Hollywood por mais de uma década, torna difícil não imaginar que seja
uma versão adolescente de The Bucket List (Antes de Partir – 2007).
Mas seria um erro. Ao contrário, Now is good é bom, muito bom. Como isso aconteceu?
Parker ficou surpreso quando soube que
ela estava interessada. “Eu recebi a mensagem que Dakota queria me
encontrar urgentemente, e ela estava intencionada a desbancar qualquer
outra pessoa que quisesse o papel. Eu pensei, ‘Ok, não é como eu
imaginava isso mas vamos ver’. Depois de um minuto falando com ela eu
estava pensando ‘Oh meu Deus, você será fantástica.’ Ela é genuinamente
fantástica. Uma das coisas que eu adorei é que ela não pede para você
gostar dela. Ela é uma vaca nos primeiros 45 minutos do filme. Então
quando as coisas começam a ficar mais claras, é paradoxalmente mais
tocante.”
“Todo papel significa geralmente ter que
me mudar para um estado diferente. Mas em todas as vezes minha mãe me
pergunta “Você tem certeza de que quer fazer isso?” e eu fico tipo
“Claro!” E mesmo se eu dissesse agora qu enão quero mais fazer isto,
estaria tudo bem com todo mundo.” No canto da sala está sentada a
manager de Fanning, uma pequena e sorridente mulher, conspícua em seu
silêncio.
De fato, até um rápido jogo de
associação de palavras sobre seus amigos astros marcou zero pontos no
‘megerômetro’. Ao ser apresentada ao nome “Tom Cruise” ela respondeu com
“excitante”. Kristen Stewart é a “melhor amiga". Robert de
Niro (que trabalhou com ela em Hide and Seek) é “doce”, Robert Pattinson
é “divertido”, Sean Penn é “dedicado”, Denzel Washington é “forte”.
Spielberg ganha o elogio mais efusivo: “Mentor. O melhor dos melhores.”
Ela também trabalhou com o falecido Tony Scott em Man on Fire. “Tony era
tão motivado sobre o que nós estavamos fazendo, ele fazia todos se
sentirem da mesma forma. Eu estou devastada, mas também estou muito
satisfeita por tê-lo conhecido.” Presumidamente, ela deve ter visto o
violento thriller apenas recentemente, já que fez 18 esse ano? “Não, eu
vi naquela época mesmo” ela disse. “É apenas um filme. Eu sabia que eram
dedos de mentira que Denzel Washington decepava: eu os vi no trailer de
maquiagem.”
Qualquer transição entre papéis de
criança e adulto para Fanning foi elidida por escolhas que ela fez há
muito tempo. Filmes como Now is Good ou o recente The Runaways
retificaram sua condição de performer sofisticada, mas as sementes dessa
maturidade foram plantadas quando ela interpretou uma vítima de estupro
de 12 anos no escaldante drama sulista Hounddog. Seu desapontamento
sobre o estardalhaço da mídia continua vívido.
“Eu acho que o que a mídia fez comigo
foi meio o que aconteceu com meu personagem”, ela suspira. “A atenção
negativa me fez sentir como se eu tivesse feito algo errado por
interpretar este trauma que milhões de pessoas já passaram. Eu pensei
sobre as pessoas que liam aquelas coisas e quem havia passado por aquela
provação: eles provavelmente pensam ‘Bem eu nunca vou falar pra ninguém
o que aconteceu comigo porque essa pessoa fez isso em um filme e eles
estão dizendo que ela é uma má pessoa.’ Mas o ponto do filme é que ela
se acha responsável. Isso é o que as vítimas podem sentir. Eu espero que
isso não reprima as pessoas, porque Hounddog é sobre encontrar sua voz
depois de passar por algo terrível”. Ela fala com uma zombeteira, mas
eloquente, indignação: “Foi por isso que fizemos o filme, droga!”
Houve mais controvérsia no último ano
sobre uma campanha que ela fez para a fragrância Oh, Lola! de Marc
Jacobs. A autoridade reguladora de comerciais baniu os anúncios depois
de determinar que a imagem de Fanning segurando uma garrafa de perfume
entre suas coxas era “irresponsável” e culpada de “sexualizar uma
criança” (apesar de Fanning ter 17 na época em que a foto foi feita).
Ela desconsidera o tumulto. “Se você quer ver um duplo significado, Eu
entendo, mas no final das contas não vai passar de uma garrafa de
perfume.”
Ela está matriculada na Gallatin School
of Individualised Study, uma faculdade dentro da Universidade de Nova
York que possibilita aos estudantes criarem seu próprio curso: “Eu tenho
feito de tudo desde o mítico até as novelas vitorianas, você nunca se
acostuma totalmente com isso, mas eu não ligo.” Não há sentido em
empurrar para ela um monte de matérias, ela diz. Ao invés disso, as
aulas são adaptadas entre os seus próximos projetos, incluindo o
eco-thriller Night Moves do diretor Kelly Reichardt (de Meek’s Cutoff).
“Eu não queria parar quatro anos para
estudar”, ela explicou. “Eu ainda amo a vida no set. Se eu explicasse o
motivo, você pensaria que isso não soou bem.’Oh, nós acordamos cedo e
trabalhamos muitas horas e as luzes são muito quentes’. Mas é onde eu me
sinto mais confortável. Eu me sinto em casa ali.”
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