Publicado em:21 de setembro de 2012

Entrevista Completa de Dakota para The Guardian falando de Now is Good, sua carreira, Robert e Kristen


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“Ser corajoso não salva ninguém da morte”, escreveu Philip Larkin em Aubade. “A morte não se lamenta diferentemente com resistência.” Diga isso para Tessa, a heroína de 17 anos de Now is Good – novo filme de Ol Parker, cuja atitude é mais de raiva ontra a morte enquanto amadurece. Com sua vida encurtada pela leucemia, Tessa escreve uma lista de experiências, incluindo fazer sexo e usar drogas, para fazer antes de morrer. Sabendo que Tessa é interpretada por Dakota Fanning, a queridinha de olhos saltados de Hollywood por mais de uma década, torna difícil não imaginar que seja uma versão adolescente de The Bucket List (Antes de Partir – 2007).

Mas seria um erro. Ao contrário, Now is good é bom, muito bom. Como isso aconteceu?

“Eu acho que tudo se deve à maneira como Ol evita o óbvio”, disse Fanning, de 18 anos. Sentada em um sofá de hotel com uma saia preta e blusa creme com uma gravatinha borboleta preta, ela lembra uma boneca de pano. Quando uma ênfase especial é necessária, ela afasta seu cabelo platinado e arregala seus olhos grandes que lhe rendem comparações com Bette Davis. “Mesmo que o filme seja triste em alguns momentos, Ol não força você a chorar. Quando você sai do cinema, você está indignado, e ao mesmo tempo faz você querer levar sua vida mais loucamente.” O que ela realmente quis dizer foi que você quer fazer sua vida importar, mas o seu sotaque sulista (ela resceu na Georgia) dá às consoantes uma flexão diferente.


A performance aguda de Fanning, completada com um sotaque inglês, é uma das surpresas do filme. Não que ela já não tenha sido excepcional em sua carreira, que começou com um comercial de sabão em pó aos cinco anos, antes de atuar em sitcoms, dublagens e grandes filmes (Guerra dos Mundos, Twilight).Mas a simples frase “estrela infantil” traz consigo conotações indesejadas para um filme britânico de baixo orçamento e predicado a confrontar as realidades que Love Story (Uma história de amor – 1970) deixou passar.

Parker ficou surpreso quando soube que ela estava interessada. “Eu recebi a mensagem que Dakota queria me encontrar urgentemente, e ela estava intencionada a desbancar qualquer outra pessoa que quisesse o papel. Eu pensei, ‘Ok, não é como eu imaginava isso mas vamos ver’. Depois de um minuto falando com ela eu estava pensando ‘Oh meu Deus, você será fantástica.’ Ela é genuinamente fantástica. Uma das coisas que eu adorei é que ela não pede para você gostar dela. Ela é uma vaca nos primeiros 45 minutos do filme. Então quando as coisas começam a ficar mais claras, é paradoxalmente mais tocante.”

O filme fornece mais evidências de que Fanning não quer seguir a trajetória das estrelas infantis, que tipicamente começa com uma grande bilheteria e termina na prisão, rehab ou, nos piores casos, num reality show. Talvez ajude o fato de que ela não via a si mesma como uma estrela infantil, mesmo quando era uma. “Eu nunca gostei dessa expressão”, ela disse torcendo o nariz. “Eu era apenas uma atriz com 7 ou 10 anos”. 

Ninguém da família Fanning atuou antes (apesar de sua irmã mais nova Elle Fanning seguir seu caminho com permormances notáveis em Super 8 e Somewhere de Sofia Coppola). Seus pais foram convencidos por um professor de teatro para arrumarem um agente para ela quando ela tinha cinco anos. Dentro de 10 dias ela já tinha feito três comerciais, incluindo um ao lado de Ray Charles. Ela teve seu primeiro grande papel em I Am Sam (Uma lição de amor – 2001), como a filha de um homem com dificuldades de aprendizado, na época ela tinha seis anos.

“Todo papel significa geralmente ter que me mudar para um estado diferente. Mas em todas as vezes minha mãe me pergunta “Você tem certeza de que quer fazer isso?” e eu fico tipo “Claro!” E mesmo se eu dissesse agora qu enão quero mais fazer isto, estaria tudo bem com todo mundo.” No canto da sala está sentada a manager de Fanning, uma pequena e sorridente mulher, conspícua em seu silêncio.

Parker credita Fanning por trazer uma atmosfera positiva ao set de Now is Good. “Ela ficou nos mesmos lugares toscos que o resto de nós e foi ótima sobre basicamente não pedir dinheiro para que nós pudessemos usar o que tinhamos no filme. Eu nunca tinha ouvido falar de ninguém mais que dá presentes para cada um dos membros do elenco e equipe e envia cartas manuscritas no final das filmagens para cada chefe de departamento, dizendo a eles o que eles significam para ela e agradecendo por algo específico.”

De fato, até um rápido jogo de associação de palavras sobre seus amigos astros marcou zero pontos no ‘megerômetro’. Ao ser apresentada ao nome “Tom Cruise” ela respondeu com “excitante”. Kristen Stewart é a “melhor amiga". Robert de Niro (que trabalhou com ela em Hide and Seek) é “doce”, Robert Pattinson é “divertido”, Sean Penn é “dedicado”, Denzel Washington é “forte”. Spielberg ganha o elogio mais efusivo: “Mentor. O melhor dos melhores.” Ela também trabalhou com o falecido Tony Scott em Man on Fire. “Tony era tão motivado sobre o que nós estavamos fazendo, ele fazia todos se sentirem da mesma forma. Eu estou devastada, mas também estou muito satisfeita por tê-lo conhecido.” Presumidamente, ela deve ter visto o violento thriller apenas recentemente, já que fez 18 esse ano? “Não, eu vi naquela época mesmo” ela disse. “É apenas um filme. Eu sabia que eram dedos de mentira que Denzel Washington decepava: eu os vi no trailer de maquiagem.”

Qualquer transição entre papéis de criança e adulto para Fanning foi elidida por escolhas que ela fez há muito tempo. Filmes como Now is Good ou o recente The Runaways retificaram sua condição de performer sofisticada, mas as sementes dessa maturidade foram plantadas quando ela interpretou uma vítima de estupro de 12 anos no escaldante drama sulista Hounddog. Seu desapontamento sobre o estardalhaço da mídia continua vívido.

“Eu acho que o que a mídia fez comigo foi meio o que aconteceu com meu personagem”, ela suspira. “A atenção negativa me fez sentir como se eu tivesse feito algo errado por interpretar este trauma que milhões de pessoas já passaram. Eu pensei sobre as pessoas que liam aquelas coisas e quem havia passado por aquela provação: eles provavelmente pensam ‘Bem eu nunca vou falar pra ninguém o que aconteceu comigo porque essa pessoa fez isso em um filme e eles estão dizendo que ela é uma má pessoa.’ Mas o ponto do filme é que ela se acha responsável. Isso é o que as vítimas podem sentir. Eu espero que isso não reprima as pessoas, porque Hounddog é sobre encontrar sua voz depois de passar por algo terrível”. Ela fala com uma zombeteira, mas eloquente, indignação: “Foi por isso que fizemos o filme, droga!”

Houve mais controvérsia no último ano sobre uma campanha que ela fez para a fragrância Oh, Lola! de Marc Jacobs. A autoridade reguladora de comerciais baniu os anúncios depois de determinar que a imagem de Fanning segurando uma garrafa de perfume entre suas coxas era “irresponsável” e culpada de “sexualizar uma criança” (apesar de Fanning ter 17 na época em que a foto foi feita). Ela desconsidera o tumulto. “Se você quer ver um duplo significado, Eu entendo, mas no final das contas não vai passar de uma garrafa de perfume.”

Ela está matriculada na Gallatin School of Individualised Study, uma faculdade dentro da Universidade de Nova York que possibilita aos estudantes criarem seu próprio curso: “Eu tenho feito de tudo desde o mítico até as novelas vitorianas, você nunca se acostuma totalmente com isso, mas eu não ligo.” Não há sentido em empurrar para ela um monte de matérias, ela diz. Ao invés disso, as aulas são adaptadas entre os seus próximos projetos, incluindo o eco-thriller Night Moves do diretor Kelly Reichardt (de Meek’s Cutoff).

“Eu não queria parar quatro anos para estudar”, ela explicou. “Eu ainda amo a vida no set. Se eu explicasse o motivo, você pensaria que isso não soou bem.’Oh, nós acordamos cedo e trabalhamos muitas horas e as luzes são muito quentes’. Mas é onde eu me sinto mais confortável. Eu me sinto em casa ali.”


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