Chegamos, mas não vamos tomar muito tempo.
Em uns poucos dias chegará ao cinema a primeira parte do final da saga Crepúsculo. E, enquanto isso, se passaram algumas coisas: se acostumaram com a fama, também estão namorando na vida real e talvez estejam um pouco cansados.
Kristen Stewart
O preço que paga por ser Bella
Ela está olhando com a cabeça inclinada para um lado e diz novamente o que foi dito muitas vezes: “Minha idade é irrelevante. O que nós fazemos não depende de quanto tempo você está na Terra”. De todo modo, é impressionante que com 21 anos, a vida de Kristen Stewart esteja ligada à Bella. É impressionante pensar na coincidência de namorar na ficção e na realidade: a paixão entre Robert Pattinson e ela, apesar de nunca ter sido confirmada oficialmente, parece ser mais forte que qualquer coisa.
Você sempre gostou de vampiros?
KS: Sim, porque são bastante perigosos. E nós, meninas, gostamos de correr alguns riscos.
Você está triste por saber que está prestes a acabar?
KS: É estranho pensar que não teremos outro [filme] para filmar. Mas ambos, eu e Rob, sentimos que teria que terminar em certo momento… o último livro está dividido em dois filmes, então não poderíamos ir além isso. Quero dizer, é triste, mas não ao mesmo tempo. Você simplesmente tem que aceitar o que foi, sem se lamentar de nada. Assim foi o último dia de filmagem: simplesmente fluiu, ambos estávamos cansados e mal esperávamos para chegar em casa. “Hoje é outro dia”.
Em Amanhecer, Bella passa por muitas coisas. Começando pelo parto.
KS: E também o casamento e o crescimento sobrenatural da criatura. Em um só filme ela passa por coisas que nem todas as pessoas passam em sua vida inteira. Me lembro que pensava “Uau, isso é demais”.
Por que Bella está tão obcecada com Edward, sendo ele algo tão negativo pra ela?
KS: Na verdade ela só está sendo forte e corajosa: escolhe ficar com alguém que realmente tem um significado pra ela. Poderia se livrar dele, mas apenas enfrentar o problema mostra ser tão forte como aparenta ser. Ela compreende perfeitamente que tem que lutar contra algo que não se trata mais sobre Edward. O que acontece não inclui os dois, e é por isso que eles estão enfrentando.
E você Kristen, alguma vez chegou a odiar Edward?
KS: Tive sentimentos muito negativos e queria que ficasse longe de mim. Algumas questões como a dominação e o masoquismo se desenvolvem claramente aqui. Mas eu realmente gostei de Bella, mesmo quando ela se transforma em uma espécie de animal selvagem: ela é protetora.
Porque é uma mãe
KS: E porque seus sentimentos são mais intensos do que qualquer coisa que ela tenha experimentado antes. Acho que Bella é a mais forte; Edward teria deixado tudo a perder muitas vezes, mesmo sendo ambos que quisessem a mesma coisa em teoria.
Então, basicamente, ela se preocupa mais com ele?
KS: Esse não é o caso. Mas, ao contrário de Edward, ela está consciente do que pode acontecer.
E agora ela é mais positiva do que ele.
KS: Ele não tem esperança; ela, como eu acho que pode acontecer com muitas mães, tem uma espécie de intuição divina e sobrenatural. Simplesmente sabe que tudo estará bem no final e é por isso que tem consciência de tudo o que vai passar. Alguém sugeriu que Bella não é um bom exemplo para as garotas jovens, mas não concordo com isso: se você vê-los superficialmente, você vai achar isso também, mas não se você ler os livros.
O parto traz consigo algumas discussões: muitos o consideram como uma escolha anti-aborto. Você falou sobre isso no set?
KS: Claro. Esperamos que os espectadores não insistam no ponto de vista ideológico da cena. Bella não tem suas ideias claras sobre o tema. Ela não é tão religiosa: simplesmente luta por algo bonito e inevitável. É como o destino.
A cena do parto é um pouco complicada. Não será duro para os fãs ver a sua heroína passando por algo tão forte?
KS: Bom, é assumido que a cena terá algum impacto e vai assustar. Bella está muito próxima da morte e realmente está disposta a fazer qualquer coisa. Uma cena forte, mas necessária.
E sobre as cenas de sexo? No filme são explícitas enquanto que no livro apenas são mencionadas.
KS: É a primeira vez que acontece em Crepúsculo. Enquanto estávamos filmando eu refleti sobre o que estávamos fazendo. Então eu vi o filme e parecia intenso, mas não pesado. Sobretudo, diz muito sobre a força e a paixão entre Edward e Bella.
No filme, você se casa e tem um bebê. E sobre a vida real?
KS: Não é tão surreal que uma garota da minha idade tenha um filho: uma de minhas melhores amigas acaba de se tornar mãe. Não sonho em ter um filho em breve, mas não tenho problemas com relação à maternidade.
Você não está assustada de deixar Crepúsculo?
KS: Agora tenho a sensação de que não deixarei de responder perguntas sobre isso. Estou realmente ligada à Bella: geralmente eu adoro a ideia de seguir a evolução de um personagem como fiz com ela. Perdê-la agora, quando tenho a sensação de conhecê-la melhor do que nunca, me entristece um pouco. E estou certa que será o mesmo para os fãs: não serão capazes de me separar dela, não completamente. Mas está certo que profissionalmente tenho que avançar fora disso.
Quanto te custou, falando de renúncias pessoais, interpretar Bella?
KS: Hoje é muito difícil fazer o que quero fazer. É estranho: por um lado, estou muito orgulhosa do meu trabalho, mas por outro lado é meu trabalho em si que me força a deixar de cumprir alguns desejos como simplesmente dar um passeio ou fazer uma viagem com um amigo. A pressão dos fãs me coloca, às vezes, em uma má posição, porque sou como um livro aberto e, às vezes, alguém me pergunta “Ei, Kristen, querida, o que está havendo?”. E esse momento me faz querer chorar.
O preço da fama, em teu caso, é bastante alto.
KS: E há outro aspecto difícil pra mim: você está acostumada a mostrar você mesma sem ter medo de nada com as pessoas que você conhece desde sempre, mas se ocorre de você dizer algo estúpido em público, as pessoas começam a pensar que você é estúpida ou algo assim.
Deve ser chato.
KS: E o que é ainda mais irritante é que as pessoas me olham no rosto e já sabem tudo sobre mim. Por isso tenho a necessitade de estar só de vez em quando.
Por favor, nos conte algo curioso sobre isso.
KS: Bom, é curioso que, a princípio, ninguém apostava em mim: nem sequer Jodie Foster, com quem trabalhei em O Quarto do Pânico. Ela disse que não esperava.
Vocês mantêm contato?
KS: Nos encontramos uma vez ou outra. Ela sempre foi protetora e materna em relação a mim, e o que me diz toda vez é: “Mantenha contato. Há muitas coisas que eu gostaria de ensinar”. É uma oportunidade que eu não quero deixar escapar, mesmo cheia de trabalho para fazer, como estou, porque ela é uma pessoa incrível e profissional. Aprendi muito com ela, em termos de ética profissional e da maneira em que você deve tratar as pessoas quando é famosa.
De que modo?
KS: Com grande respeito.
Como você vê o seu futuro, Kristen?
KS: Sonho em interpretar grandes papéis, também com um lugar mágico onde a vida transcorra sem problemas e onde todo mundo me ame e seja legal comigo.
Robert Pattinson
Não me faça sentir como um animal de zoológico.
“Não acho que sirva para isso. Certamente não iria ser uma estrela, nem mesmo um ator. Há pessoas que querem o sucesso desde uma idade prematura, e fazem de tudo para ser famoso. Se podem, quando entram em uma sala captam toda a atenção. E esse momento de satisfação justifica todo o trabalho duro e os compromissos que fizeram para chegar lá. Mas eu não faria isso. Simplesmente me encontrei nessa situação. Se entro em uma sala e todo mundo olha pra mim, não me sinto confortável. Às vezes me sinto como um animal de zoológico e não é uma boa sensação.”
Talvez Robert Pattinson devesse ter pensado sobre isso antes de aceitar o papel de Edward em Crepúsculo, que o levou a ser rico e famoso, sem mencionar ser o ídolo de muitas garotas ao redor de todo o mundo. Mas não parece ser uma pessoa que finge ser humilde. Ele é tudo, menos uma estrela, espontâneo e sorridente como é, pela forma em que se apresenta exclusiva como GIOIA: a cabeça meio raspada, uma camisa que certamente teve tempos melhores e um par de calças que nem sequer pode ser chamado de desgastado. Alguém que quisesse mentir se vestiria melhor, eu penso isso quando o vejo.
Você se preocupa com roupas de grife agora que é famoso ou sempre foi dessa forma?
RP: Me sinto estúpido levando uma jaqueta e gravata, a não ser que seja necessário. Me visto de forma casual. Eu gosto da ideia de ser visto como realmente sou. Além disso, sempre olhei para as pessoas muito elegantes.
Bonito corte de cabelo.
RP: É para um filme, Cosmópolis. Já terminei, mas conservo o penteado. Eu gosto e acho interessante.
Crepúsculo terminou. Você está disposto a mudar a sua vida?
RP: Ainda não sei. Não só tenho sido um vampiro por anos, então não é como se minha carreira terminasse.
Você não se chateia por interpretar sempre o mesmo papel?
RP: Vamos dizer que não era sempre, porque faz parte da natureza de um vampiro não ser expressivo todo o tempo. Há muitas coisas que [Edward] não pode fazer: além de seu amor – quase obcessão – por Bella, não pode ter impulsos, urgências, sentimentos. Existe o risco de terminar fazendo as mesmas coisas, e muitas vezes, depois de uma cena, eu parava e tinha a sensação de ter repetido a cena anterior. Mas sempre tentamos privilegiar a originalidade.
Se você não fosse o personagem principal da saga, teria sido fã dela?
RP: Provavelmtne a resposta me coloca em apuros. A verdade é que eu não sei. Sempre estive contra as sagas comerciais. Acho que gosto dos filmes por si só, mas não posso entender porque as pessoas ficam tão loucas com eles. E, na verdade, sempre gostei mais dos filmes mais ‘pobres’.
No começo havia muito ceticismo sobre você. As fãs não gostavam de você. E agora…
RP: Elas não estão interessadas em quem são, o que faço ou como atuo. Se preocupam com meu rosto. Se meu rosto estivesse como imaginaram no livro, então tudo bem. Então, depois de fazer o primeiro filme, o rosto se converte no personagem e o problema está resolvido. Pensar em algo assim é triste.
Comparando Crepúsculo com Lembranças, tenho a sensação de que o segundo – garoto magro, barbudo, com cigarros e um copo na mão – era mais perto de você. Estou errado?
RP: Não. Quando li o roteiro, definitivamente me identifiquei com o personagem diretamente. Normalmente, os filmes com um personagem jovem são todos iguais: há um garoto que não sabe nada sobre a vida e aprende tudo ao longo do filme. Em Lembranças você pode sentir que há algo diferente. Eu comecei com a ideia de interpretar a mim mesmo porque achei seu ânimo e estilo de vida muito parecidos aos meus. Depois mudei de ideia: interpretar a mim mesmo é impossível.
Não para John Malkovich.
RP: Acho que sim. Podemos interpretar a pessoa que criamos e é percebida pelas pessoas, mas não podemos ser nós mesmos na tela.
O que você quer dizer com ‘percebida pelas pessoas’?
RP: No meu caso, Edward, o vampiro. As pessoas não falam sobre mim, não gritam por mim, não arrancam o cabelo por mim: fazem isso por Edward. Vivem para vê-lo, então tento escapar desse nome. Eu corro, entro em um carro e sou outra pessoa. Olham para você, mas veja só o que eles querem ver.
Você imaginava fazer esse sucesso?
RP: Não, foi uma loucura e algo inesperado. Me lembro um dia, em Munique, no Estádio Olímpico, estava na frente de 30.000 pessoas que haviam ido a uma Conferência de Imprensa de 10 minutos. Foi a coisa mais louca que eu já vivi. Se você começar a pensar que estavam ali por você e começa a se convencer que é famoso, com certeza você ficará louco.
Você não se sente fabuloso?
RP: Não.
Nem mesmo um pouco?
RP: Não. Se você começa a sentir isso toda manhã, então quando você se olha no espelho, deveria repetir que é a melhor pessoa do mundo. Pelo contrário, eu prefiro pensar que tenho a personalidade contrária necessária para suportar o peso da fama.
Então por que você decidiu fazer este trabalho?
RP: Quando eu comecei, ninguém podia ver os filmes. E os que voram nem sequer davam conta de mim, mas sim do meu trabalho e do papel que eu interpretava. Atuei sem pensar sequer na carreira ou no efeito que teria. Hoje em dia muita gente pensa que me conhece sem nem sequer me conhecer, Em suas cabeças sabem o que esperar de acordo com o que assumem sobre o que conhecem de mim.
Então, qual a sua estratégia de sobrevivência?
RP: O melhor que posso fazer é viver na mais absoluta reserva. O que é impossível considerando que tenho que ser entrevistado como pessoas como você para promover um filme. Mas, então, quando as revistas não podem encontrar nada bom, elas inventam.
Você não parece estar confortável com isso.
RP: Cada vez que estou na frente de um grupo de pessoas, deixo a mente em branco e penso: “Este sou eu”. Meu corpo está aqui, mas minha mente está em outro lugar. E sempre tento lembrar que é um trabalho, que não é a minha vida. Mesmo mantendo o controle, é difícil.
Falando de trabalhos, David Cronenberg veio a você para seu último filme.
RP: Exato, quando eu pensava que nunca ia trabalhar com grandes diretores. Às vezes acho que a fama não te ajuda a conseguir papéis em filmes de qualidade. Mas sim: Cronenberg veio a mim. Eu lhe disse que levaria uma semana para decidir e, na verdade, estava procurando uma maneira de dizer que não era a pessoa certa para isso, que não levaria o script e não aceitaria. A única maneira teria sido chamá-lo e dizer “Ei, sou um perdedor”. Então pensei que não queria ser isso e aí eu disse sim.
É verdade que você adotou um cão durante as filmagens?
RP: Sim, eu o encontrei perto do set e o peguei.
Um ato muito doce vindo de um vampiro.
RP: Exatamente. Talvez ele estivesse buscando um amigo e não pudesse falar.
Scans:
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