Para o novo filme ele perdeu 15 kg, deixou crescer a barba e tornou-se
um explorador da floresta amazônica. Mas, acima de tudo, decidiu
arriscar tudo e baixar o cachê, como é certo para um rapaz que alcançou
cedo a fama. Ele precisava de vencer.
O que pode fazer se, aos 31 anos, já foi o protagonista de uma famosa
saga mundial (Twilight), o homem mais sensual do planeta (duas vezes, de
acordo com a revista americana People), o embaixador de uma marca
famosa (Dior Homme), e o personagem mais fotografado pelos fãs no museu de cera em Londres?
Ele pensou em começar do zero e combinar com a fama planetária uma nova
credibilidade como ator, aceitando reduzir o seu cachê multimilionário
para aparecer numa série de filmes independentes, basicamente aqueles
que são agradáveis nos festivais e ganham o Oscar. Mesmo que isso
significasse perder 15 kg e deixar crescer uma barba para se tornar o
cabo Costin, o explorador britânico na selva amazônica em The Lost City
of Z, de James Gray, agora nos cinemas.
No filme, assim como na obra de que The Lost City of Z é tirada, Costin é um personagem secundário...
Não me importa se o meu papel é pequeno, o que mais me interessa é a
qualidade do projeto e o valor do diretor. Há anos que queria trabalhar
com Gray e quando ele me propôs o roteiro eu diss: 'Aceito, qualquer que
seja o meu papel'.
Foi difícil ficar pronto para o papel?
Muito, tive de fazer muita pesquisa e descobrir que Costin foi vendedor
de frigoríficos. Depois leu um anúncio na revista Times de Londres, que
dizia: 'Procura-se aventureiros'. Ele conseguiu o trabalho
imediatamente: ele foi um dos únicos a responder ao anúncio e ele estava
em muito boa condição física.
Para entrar no personagem você tive de mudar completamente...
Perder peso não é um problema, tinha muitas calorias, então foi
suficiente eu comer um pouco menos. Então, a barba foi muito útil:
quando tem a cara coberta de pelos, não há necessidade de adicionar
muita maquilhagem, o que é fundamental quando o set é no meio da selva.
Como é fazer um filme na floresta amazônica?
Difícil em alguns aspetos, mas também é fascinante. É como estar em
férias aventureiras, onde você atravessa o rio em um pequeno barco, que
mais se parece com uma casca de noz: fizemos isso na floresta virgem
colombiana.
Há outras vantagens em filmar na selva?
Ninguém te aborda para tirar selfies!
Qual é a relação que você tem agora com os teus fãs?
As minhas escolhas recentes implicaram um passo atrás em termos de
popularidade, então os meus fãs agora são menos presentes. Sempre fiquei
curioso para saber o que é que o público pensa dos meus filmes.
Gosta de correr riscos?
Digamos que estou sempre tentando me empurrar para fora dos meus limites.
Na carreira também?
Acima de tudo na carreira. Depois de Twilight, por exemplo, corri o
risco de parecer ridículo ao fazer Bel Ami. Também fiz filmes que pensei
que ninguém tinha visto, como Little Ashes, em que tive o papel de
Salvador Dalí. Mas, de fato, no outro dia uma pessoa me abordou na rua e
disse que aquele tinha sido o filme favorito dela.
O que é que sentiu quando se tornou uma estrela de um dia para o outro graças a Twilight?
Quando atinge um grande sucesso tão rápido, uma voz dentro de você
repete continuamente: 'Deve ganhá-lo'. Então, procurei papéis mais
desafiantes e imprevisíveis, mas não foi tão fácil convencer os
diretores e produtores de que posso fazer mais. É importante ter a
coragem de quebrar os esquemas.
Então, não voltaria ao papel do vampiro?
Apenas se tivesse um spin-off todo meu, chamado ''Edward, o retorno''. E
eu daria o meu melhor para reverter as expectativas do público, com uma
mudança radical do personagem.
E um super herói, faria?
Sim, mas só se o roteiro fosse original. Gosto de surpreender.
Em Cannes apresentou Good Time dos irmãos Safdie. Outro risco?
Sim, eu realmente não sei porque é que eles quiseram que eu fizesse o papel de um assaltante de bancos psicopata.
Manohla Dargis, do New York Times, escreveu que o personagem é 'uma
bofetada engraçada num certo tipo de triunfalismo americano'…
Não posso dizer nada. Tal como o cabo Costin diz em The Lost City of Z, 'Eu sou muito britânico para esta selva.'
Via
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