Após Imigrante ser passado em 1921, James Gray nos leva de volta a essa
época, mas desta vez para seguirmos as aventuras do explorador Percy
Fawcett, que em 1925 desapareceu numa exploração nas profundezas da
selva Amazônia em busca de uma cidade antiga e histórica que ele chamava
de Z.
Baseado no livro de David Grann, Percy Fawcett é o personagem principal
de A Cidade Perdida de Z, o novo filme de James Gray. A Cidade Perdida
de Z segue Percy Fawcett ao longo de toda a sua vida, desde o seu início
no exército, passado pelos tempos na Primeira Guerra Mundial, e pelas
várias expedições que fez à Amazônia.
James Gray consegue encontrar o equilíbrio ideal para contar a história
de uma vida cheia de eventos como a de Percy Fawcett, conseguindo
dividir os 144 minutos em vários momentos que vão desenrolando a
história de Percy ao longo da sua vida. O pacing do filme nunca se sente
aborrecido ou parado, pois existe sempre algum desenvolvimento ou
momento íntimo entre personagens que nos prende a atenção.
Charlie Hunnam interpreta Percy Fawcett, no que é facilmente o melhor
papel na sua carreira até ao momento. Na difícil tarefa de interpretar
um personagem tão complexo como Percy Fawcett, Hunnam mostra-se
finalmente como um dos grandes atores da sua geração, depois algumas
interpretações menos conseguidas após o fim da série Sons of Anarchy.
Sienna Miller interpreta a sua mulher, num pequeno mas forte papel.
Robert Pattinson, que há vários anos trabalha em filmes num circuito
mais independente após o final da saga Twilight, volta mais uma vez a
mostrar que é um ator com talento e que deve ser levado a sério. E Tom
Holland, que apenas aparece na parte final do filme, tem potencial para
no futuro ser um dos grandes nomes em Hollywood.
James Gray desenvolve um trabalho notável, juntamente com Darius
Khondji, o responsável pela fotografia, de dar ao filme um aspecto
verdadeiro e realista de algo que se passa no início do século 20.
Existem fantásticas recriações de locais e momentos dessa altura, e
visuais de encher o olho com imagens das selvas Sul Americanas dignas de
serem vistas em IMAX (formato para o qual o filme não foi adaptado).
Gray nos transporta para esta época com grande facilidade, tal como em
Imigrante, sem grande dificuldade e nos deixa fascinados com o espantoso
trabalho desenvolvido.
Gray faz a transição entre períodos da vida de Fawcett de forma suave, e
nunca abrupta. A longa duração do filme nunca é sentida, e isso é
graças ao trabalho fantástico de Gray em gerir os eventos do filme. Gray
desenvolveu aqui um trabalho notável em conjunto com o grande elenco
que reuniu. A Cidade Perdida de Z é ao mesmo tempo um filme grandioso de
grande escala, e um filme pequeno e íntimo que gira à volta das
relações entre personagens e a sua evolução como seres humanos ao longo
da sua vida.
James Gray tem em A Cidade Perdida de Z mais uma grande adição ao seu já
fantástico currículo, e um dos seus sucessos mais mainstream até à
data. A Cidade Perdida de Z é um dos filmes obrigatórios deste ano.
O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 1º de junho, assista o trailer nacional do filme.
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